domingo, 26 de setembro de 2010

DAR E AMAR



Dar não é fazer amor. Dar é dar.

Fazer amor é lindo, é sublime, é encantador, é esplêndido.

Mas dar é bom pra cacete.

Dar é aquela coisa que alguém te puxa os cabelos da nuca...

Te chama de nomes que eu não escreveria...

Não te vira com delicadeza...

Não sente vergonha de ritmos animais.



Dar é bom.

Melhor do que dar, só dar por dar.

Dar sem querer casar....

Sem querer apresentar pra mãe...

Sem querer dar o primeiro abraço no Ano Novo.

Dar porque o cara te esquenta a coluna vertebral...

Te amolece o gingado...

Te molha o instinto.

Dar porque a vida é estressante e dar relaxa.

Dar porque se você não der para ele hoje, vai dar

amanhã, ou depois de amanhã.

Tem pessoas que você vai acabar dando, não tem jeito.

Dar sem esperar ouvir promessas, sem esperar ouvir

carinhos, sem esperar ouvir futuro.

Dar é bom, na hora. Durante um mês. Para os mais

desavisados, talvez anos.

Mas dar é dar demais e ficar vazio.



Dar é não ganhar.

É não ganhar um eu te amo baixinho perdido no meio do escuro.

É não ganhar uma mão no ombro quando o caos da cidade parece querer te

abduzir.

É não ter alguém pra querer casar, para apresentar pra mãe,

pra dar o primeiro abraço de Ano Novo e pra falar: "Que que cê acha

amor?".

É não ter companhia garantida para viajar.

É não ter para quem ligar quando recebe uma boa notícia.



Dar é não querer dormir encaixadinho...

É não ter alguém para ouvir seus dengos...

Mas dar é inevitável, dê mesmo, dê sempre, dê muito.

Mas dê mais ainda, muito mais do que qualquer coisa, uma chance ao

amor.

Esse sim é o maior tesão.

Esse sim relaxa, cura o mau humor, ameniza todas as crises e faz você

flutuar

Experimente ser amado...


( Luiz Fernando Veríssimo )

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ciclo da Vida


A coisa mais injusta sobre a vida é a maneira como ela termina. Eu acho que o verdadeiro ciclo da vida está todo de trás pra frente. Nós deveríamos morrer primeiro, nos livrar logo disso.

Daí viver num asilo, até ser chutado pra fora de lá por estar muito novo. Ganhar um relógio de ouro e ir trabalhar. Então você trabalha 40 anos até ficar novo o bastante pra poder aproveitar sua aposentadoria. Aí você curte tudo, bebe bastante álcool, faz festas e se prepara para a faculdade.

Você vai para colégio, tem várias namoradas, vira criança, não tem nenhuma responsabilidade, se torna um bebezinho de colo, volta pro útero da mãe, passa seus últimos nove meses de vida flutuando. E termina tudo com um ótimo orgasmo! Não seria perfeito?


Charles Chaplin

domingo, 11 de julho de 2010

Atire a Primeira Flor


Quando tudo for pedra,
atire a primeira flor;
Quando tudo parecer caminhar errado,
seja você a tentar o primeiro passo certo;

Se tudo parecer escuro,
se nada puder ser visto,
acenda você a primeira luz,
traga para a treva, você primeiro,
a pequena lâmpada;

Quando todos estiverem chorando,
tente você o primeiro sorriso;
talvez não na forma de lábios sorridentes,
mas na de um coração que compreenda,
de braços que confortem;

Se a vida inteira for um imenso não,
não pare você na busca do primeiro sim,
ao qual tudo de positivo deverá seguir-se;

Quando ninguém souber coisa alguma,
e você souber um pouquinho,
seja o primeiro a ensinar,
começando por aprender você mesmo,
corrigindo-se a si mesmo;

Quando alguém estiver angustiado
à procura, consulte bem o que se passa,
talvez seja em busca de você mesmo
que este seu irmão esteja;

Daí, portanto,
o seu deve ser o primeiro a aparecer,
o primeiro a mostrar-se,
primeiro que pode ser o único e,
mais sério ainda, talvez o último;

Quando a terra estiver seca,
que sua mão seja a primeira a regá-la;

Quando a flor se sufocar na urze e no espinho,
que sua mão seja a primeira a separar o joio,
a arrancar a praga, a afagar a pétala,
a acariciar a flor;

Se a porta estiver fechada,
de você venha a primeira chave;
Se o vento sopra frio,
que o calor de sua lareira seja a primeira
proteção e primeiro abrigo.

Se o pão for apenas massa e não estiver cozido,
seja você o primeiro forno
para transformá-lo em alimento.

Não atire a primeira pedra em quem erra.
De acusadores o mundo está cheio;
nem, por outro lado, aplauda o erro;
dentro em pouco, a ovação será ensurdecedora;

Ofereça sua mão primeiro para levantar quem caiu;
sua atenção primeiro para aquele que foi esquecido;
seja você o primeiro para aquele
que não tem ninguém;

Quando tudo for espinho,
atire a primeira flor;
seja o primeiro a mostrar que há caminho de volta,
compreendendo que o perdão regenera,
que a compreensão edifica,
que o auxílio possibilita,
que o entendimento reconstrói.

Atire você,
quando tudo for pedra,
a primeira e decisiva flor.

(Glácia Daibert)

VENCEDOR OU PERDEDOR?

O vencedor é sempre parte da solução; O perdedor é sempre parte do problema;
O vencedor sempre tem um plano; O perdedor sempre tem uma desculpa;
O vencedor diz: "deixe-me ajudá-lo";
O perdedor diz: "este não é o meu trabalho";
O vencedor vê uma resposta para todo problema; O perdedor vê um problema em toda resposta;
O vencedor vê sempre uma luz no meio da escuridão; O perdedor vê sempre escuridão no meio de toda luz;
O vencedor diz: "é difícil mas é possível'; O perdedor diz: 'pode ser possível mas é muito difícil'.
Quando um vencedor comete um erro, diz: "Eu errei!" Quando um perdedor comete um erro, diz: "Não foi minha culpa."
Um vencedor trabalha duro e tem mais tempo. Um perdedor está sempre "muito ocupado" para fazer o que é necessário.
Um vencedor enfrenta e supera o problema. Um perdedor dá voltas e nunca consegue resolvê-lo.
Um vencedor se compromete. Um perdedor faz promessas.
Um vencedor diz: "Eu sou bom, porém não tão bom como gostaria de ser." Um perdedor diz: "Eu não sou tão ruim como tantos outros."
Um vencedor escuta, compreende e responde. Um perdedor somente espera uma oportunidade para falar.
Um vencedor respeita aqueles que são superiores a ele e trata de aprender algo com eles. Um perdedor resiste àqueles que são superiores a ele e trata de encontrar seus defeitos.
Um vencedor se sente responsável por algo mais do que somente o seu trabalho. Um perdedor não colabora e sempre diz: "Eu somente faço o meu trabalho."
Um vencedor diz: "Deve haver melhor forma de fazê-lo ..." Um perdedor diz: "Esta é a maneira que sempre fizemos."
Um Vencedor tem vontade de acertar Um Perdedor tem medo de errar.
Um Vencedor vai direto ao problema. Um Perdedor evita o problema e nunca ultrapassa.
Um Vencedor discute as oportunidades. Um Perdedor lamenta-se de problemas.
Um Vencedor aceita com alegria os riscos para enfrentar o desafio. Um Perdedor não aceita riscos.
Um Vencedor assume compromissos. Um Perdedor faz promessas.
Um Vencedor tem planos e metas que podem ser medidas. Um Perdedor detesta ser medido.
Um Vencedor mantém registros e estatísticas. Um Perdedor detesta estatísticas.
Um Vencedor estabelece metas diariamente. Um Perdedor ignora o que são metas.
Um Vencedor ouve e aprende. Um Perdedor fala a respeito daquilo que pretende fazer.
Um Vencedor repete comportamento que funciona e evita os que não funcionam. Um Perdedor repete um comportamento somente porque é confortável.
Um Vencedor é extremamente leal Um Perdedor não sabe o significado de lealdade.
Um Vencedor sabe porque luta e a que se compromete. Um Perdedor compromete-se com o que não deveria e luta pelo que não vale a pena.

Pense um pouco: afinal a que grupo você pertence?

Autor: Leonardo Delgado

Metáfora: A Pedra no Caminho


Conta-se a lenda de um rei que viveu num país além-mar há muitos anos. Ele era muito sábio e não poupava esforços para ensinar bons hábitos a seu povo. Freqüentemente fazia coisas que pareciam estranhas e inúteis; mas tudo que fazia era para ensinar o povo a ser trabalhador e cauteloso.
- Nada de bom pode vir a uma nação – dizia ele – cujo povo reclama e espera que outros resolvam seus problemas. Deus dá as coisas boas da vida a quem lida com os problemas por conta própria.
Uma noite, enquanto todos dormiam, ele pôs uma enorme pedra na estrada que passava pelo palácio. Depois foi se esconder atrás de uma cerca, e esperou para ver o que acontecia.
Primeiro veio um fazendeiro com uma carroça carregada de sementes que ele levava para moagem na usina.
- Quem já viu tamanho descuido? – disse ele contrariadamente, enquanto desviava sua parelha e contornava a pedra. – Por que esses preguiçosos não mandam retirar essa pedra da estrada? – E continuou reclamando da inutilidade dos outros, mas sem ao menos tocar, ele próprio, na pedra.
Logo depois, um jovem soldado veio cantando pela estrada. A longa pluma do seu quepe ondulava na brisa, e uma espada reluzente pendia à sua cintura. Ele pensava na maravilhosa coragem que mostraria na guerra.
O soldado não viu a pedra, mas tropeçou nela e se estatelou no chão poeirento. Ergueu-se, sacudiu a poeira da roupa, pegou a espada e enfureceu-se com os preguiçosos que insensatamente haviam largado uma pedra imensa na estrada. Então, ele também se afastou, sem pensar uma única vez que ele próprio poderia retirar a pedra.
Assim correu o dia. Todos que por ali passavam reclamavam e resmungavam por causa da pedra colocada na estrada, mas ninguém a tocava.
Finalmente, ao cair da noite, a filha do moleiro por lá passou. Era muito trabalhadora, e estava cansada, pois desde cedo andava ocupada no moinho.
Mas disse a si mesma: “Já está quase escurecendo, alguém pode tropeçar nesta pedra à noite e se ferir gravemente. Vou tirá-la do caminho.”
E tentou arrastar dali a pedra. Era muito pesada, mas a moça empurrou, e empurrou, e puxou, e inclinou, até que conseguiu retirá-la do lugar. Para sua surpresa, encontrou uma caixa debaixo da pedra.
Ergueu a caixa. Era pesada, pois estava cheia de alguma coisa. Havia na tampa os seguintes dizeres: “Esta caixa pertence a quem retirar a pedra.”
Ela abriu a caixa e descobriu que estava cheia de ouro.
A filha do moleiro foi para casa com o coração feliz. Quando o fazendeiro e o soldado e todos os outros ouviram o que havia ocorrido, juntaram-se em torna do local na estrada onde a pedra estava. Revolveram o pó da estrada com os pés, na esperança de encontrar um pedaço de ouro.
- Meus amigos – disse o rei – , com freqüência encontramos obstáculos e fardos no caminho.


Podemos reclamar em alto e bom som enquanto nos desviamos deles se assim preferirmos, ou podemos erguê-los e descobrir o que eles significam. A decepção é normalmente o preço da preguiça.


Então o sábio rei montou em seu cavalo e com um delicado boa-noite retirou-se.

Do livro: O Livro das Virtudes II – O Compasso Moral

REFLEXÃO....


Deus costuma usar a solidão
Para nos ensinar sobre a convivência.
Às vezes, usa a raiva para que possamos
Compreender o infinito valor da paz.
Outras vezes usa o tédio, quando quer
nos mostrar a importância da aventura e do abandono.
Deus costuma usar o silêncio para nos ensinar
sobre a responsabilidade do que dizemos.
Às vezes usa o cansaço, para que possamos
Compreender o valor do despertar.
Outras vezes usa a doença, quando quer
Nos mostrar a importância da saúde.
Deus costuma usar o fogo,
para nos ensinar a andar sobre a água.
Às vezes, usa a terra, para que possamos
Compreender o valor do ar.
Outras vezes usa a morte, quando quer
Nos mostrar a importância da vida.

Fernando Pessoa

Roda Viva...


“Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu...

A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda viva
E carrega o destino prá lá ...

Roda mundo, roda gigante
Roda moinho, roda pião
O tempo rodou num instante
Nas voltas do meu coração...

A gente vai contra a corrente
Até não poder resistir
Na volta do barco é que sente
O quanto deixou de cumprir
Faz tempo que a gente cultiva
A mais linda roseira que há
Mas eis que chega a roda viva
E carrega a roseira prá lá...”


( Chico Buarque )